A Margarida nasceu num tempo em que gostar de pessoas do mesmo género era considerado estranho, excêntrico e acima de tudo anormal. A Margarida nunca sabia o que dizer às pessoas. Sempre se deu bem com toda a gente. No infantário, sempre brincou com meninos e meninas, sempre gostou de barbies e bonecas, da mesma forma que gostava de carros, de futebol e de brincar na lama. Tinha sempre dificuldade em perceber porque é que o azul era para rapazes e o cor-de-rosa para raparigas, até porque ambas eram as suas cores preferidas - como podia ela gostar de uma cor de rapaz? Estranho. A Margarida foi crescendo, sentindo-se sempre um pouco esquisita, um pouco à margem, um pouco excêntrica, mas tentando sempre passar despercebida. A sua adolescência, foi vivida com algum custo, sem que soubesse o que fazer quando corava ao olhar para uma rapariga, ou quando um rapaz lhe dava a mão. Foi continuando a sua vida, sem se saber definir, sem saber exatamente quem era, o que queria, ou como lidar co...