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Ligações

Tenho andado meia perdida nas minhas coisas. Aliás, eu ando sempre perdida na minha vida, mas umas vezes disfruto da aventura e noutros vivo cheia de medo de nunca encontrar o caminho.

Eu sei que é estranho, mas tenho aprendido a fazer aquilo que sinto. Percebi que realmente estamos aqui e não é para sofrer, mas também não é para limitarmos a nossa acção só porque as pessoas podem "achar mal e eu não gosto". A certa altura dei por mim a fazer muita coisa, não porque queria mas porque os outros iam gostar disso. Quando reparei, percebi que me estava a esquecer de mim.

Porque se fizermos as coisas conforme as sentimos, somos genuínos mesmo e mostramos a nossa essência e podem haver alguns conflitos sim, por vezes, mas cada um é como é e a vida é mesmo assim.

Tento agir conforme aquilo que sinto, seguir a minha vontade. Claro que às vezes posso também fazer a vontade a outra pessoa, mas porque eu escolho fazer isso. Em vez de ter em mente "estou a fazer isto por ela", penso "eu escolhi fazer isto, e ela gosta". 

E assim, aos poucos, tenho encontrado alguma tranquilidade, tenho construído a minha auto-confiança e auto-estima.

Se calhar fiz algumas coisas extremas e tomei decisões de cabeça quente. Se calhar precisava, e não me arrependo, porque hoje vejo que correu bem.

Afastei-me de ti e na altura tinha decidido que era o fim. Era mesmo, a minha cabeça dizia-me que era o melhor porque o meu coração já não aguentava mais. Então, pronto, finito. E foi o fim. O fim de nós. Mas acima de tudo o fim de uma fase, o fim de uma relação que não estava a resultar. Ar fresco.

O fim obrigou-nos a mudar, a chatearmo-nos, a estarmos longe, a sentirmos raiva e tristeza, a sentir saudade, a aproximarmo-nos e conhecermo-nos de novo. O fim ajudou-nos a dar outro rumo.

Ajudou-me a ver o que representas para mim. Nunca tive uma ligação assim com ninguém, portanto às vezes ainda não sei bem como ligar com isso. Às vezes é tudo demasiado arrebatador. Mas tu és sem dúvida o meu porto de abrigo, o meu melhor amigo, o meu... Eu quero dizê-lo mas não consigo. Ainda preciso de mais tempo. Sabes quando queres dar um passo em frente mas tens imenso medo de cair? Sinto a garganta presa quando quero dizer este tipo de coisas como "amor", "amo-te" ou "namorado". Sabes porquê? No fundo, tenho medo de trazer tudo de volta, tenho medo de ainda não estar a altura, tenho medo de não aguentar e de rebentar à mais pequena coisa.

Eu não digo essas palavras. Mas sei que os meus actos falam por mim e sei o que significo para ti, sei porque nunca foste embora e ficaste sempre, mesmo quando eu disse que não valia a pena, que não queria mais. Contra a minha vontade, nunca te afastaste o suficiente e foste ficando sempre. Eu ter-me-ia afastado se também o tivesses feito. Mas, a verdade, é que nunca te abandonei também.

E eu sei que entre nós há alguma coisa para além da grande amizade e atracção. Há mais, há muito mais. E sim, no fundo tenho medo que ao chamar "namoro" esteja a limitar aquilo que nós somos e nos voltemos a enredar numa relação sem rumo, sem novidade, sem nada, vazia. A mim não me interessa que nome lhe dou. Somos amigos e os amigos também podem ser isto. E eu sou feliz assim.

“There is always some madness in love. But there is also always some reason in madness.”

- Friedrich Nietzsche

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