Avançar para o conteúdo principal

Fantasmas

Quando é que os fantasmas do passado deixam de ser fantasmas e passam a ser só breves memórias?
Quando é que as pessoas deixam de nos afetar, de mexer com os nossos sentimentos depois de nos termos afastado delas?
Será que é tudo uma questão de tempo?
Ou uma questão de distância? Será que o que os olhos não vêm o coração não sente.

Eu não gosto de ficar presa ao passado, não me adianta muito e não me traz nada de novo no presente ou futuro. Às vezes, gosto de relembrar o passado e, às vezes, o passado gosta de me visitar. E aparece, assim de surpresa, nos cantos da minha memória, só para dizer "Ei, não te esqueceste de mim pois não?", só para se certificar que bem lá no fundo eu não esqueci (e será que não ultrapassei também?). Ele vem e fica ali, só a olhar, a avaliar tudo o que eu faço para evitar reparar nele, falar com ele. Eventualmente, há-de se cansar de esperar e desaparece por mais uns tempos... Mas volta. Volta sempre. Tem sempre o seu momento certo de aparecer, quando os tempos são mais frágeis. Volta só para me relembrar que não está esquecido, que continuo de certa forma presa e bloqueada naquele momento, naquela situação, naquela pessoa, naquele lugar.... No fundo, ele volta só porque eu deixo. Porque no fundo, se calhar, queria que esse fantasma fosse real e atual, em vez de pertencer ao passado. Talvez eu queira o meu fantasma de volta ou talvez eu queira deixá-lo de vez no passado.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Paixão

Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...

a vontade

Às vezes, vem a vontade a vontade de te ver sempre de estar contigo sempre de esquecer que tudo o resto existe e aí, venho embora, e procuro voltar a mim prefiro ter essa vontade aguentá-la,  diluí-la no tempo esticá-la,  fazendo-a durar, do que acabar com ela logo de uma só vez rapidamente, sem pensar e quase sem sentir então escrevo penso, pinto,  sonho,  grito, abraço essa vontade e trago-a comigo lá no fundo do peito como companhia E quando te volto a ver deixo-a sair para a sentir de novo e deixar que me invada e me faça feliz por te ver por te ter por estar contigo  e sentir novamente aquela vontade louca sem sentido de esquecer tudo o resto e sou só ali contigo eu e a vontade e todos os outros sentimentos e sensações e tudo e tudo. Para depois voltar a mim para que possa voltar para ti sem me esquecer de quem sou e de quem tu és independentes um do outro.

Dizer adeus no trabalho

Não nos preparam para isto. Nunca ninguém me falou disto e nunca pensei passar por isto desta forma. Mas a verdade é que nas profissões da área social, não é possível ignorar a parte relacional. Aliás, essa é a parte mais importante do nosso trabalho, as relações significativas que criámos com as pessoas, com os utentes ou clientes, como lhes quiserem chamar. São pessoas. Pessoas a quem nos ligamos, de quem gostamos e de quem sentimos saudades. Sim, nem todos os dias são cor-de-rosa e nem sempre saímos do trabalho com um sorrido no rosto. Mas isso não significa que não gostemos dessas pessoas. Só que ninguém nos prepara para o momento em que temos de sair. Principalmente, quando sair não é uma decisão nossa. É um murro no estômago, e levantam-se tantas questões: - o que lhes dizer, como lhes explicar? - quando lhes dizer? - como ajudar a conter as suas emoções, quando as nossas emoções também estão à flor da pele? - como deixar para trás anos de relação, de acompanhamento, ...