Ele disse que não e nesse momento apercebi-me. Não foi um "não" diferente dos outros, eu é que se calhar estava num momento diferente da vida. E aquele "não" levou-me numa viagem no tempo para analisar em segundos várias relações algumas que ainda se mantinham, outras não. Uma viagem dura que terminou com uma convulsão de emoções e sentimentos que pareciam ter surgido devido àquele simples "não", erradamente.
Era apenas um não repetido no tempo. Uma rejeição não curada. Um abandono que não foi esquecido. Era a perpetuação da ideia de que a minha pessoa não é suficiente para manter as pessoas interessadas em permanecerem na minha vida, parte de mim, da minha vivência. A repetição da ideia de que as pessoas vão embora por minha causa, porque há algo em mim que falha e as faz dizer adeus.
Há pequenas feridas que parecem não ter muita importância. No entando, se não são tratadas, não desaparecem. Por vezes nem cicatrizam, ficam só ali, ferida aberta. E, por vezes, a dor volta.
Não penso nisso todos os dias, e acho até que é uma ferida que está a ser curada e em breve cicatriza. Mas ainda está lá. E aquele "não" foi mexer na ferida outra vez, recordar diferentes adeus de diferentes relações, alguns desaparecimentos e outras relações que simplesmente foram desaparecendo e recuar até aos momentos, em que criança, me punha em frente da porta, a chorar e a impedir que ele fosse embora. Sempre sem efeito. Sempre a querer que ficasse, sempre a ter que o deixar ir.
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