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A cidade

A cidade torna-se ,às vezes, um lugar irritante. Hoje anseio o dia de cá sair, de ir de férias, de fugir por uns dias e sossegar. Porque a cidade pode ser boa e interessante, bonita, maravilhosa. Temos tudo perto. Temos quase tudo. E o problema pode ser mesmo esse. Há-de tudo por estes lados, mesmo o que de pior há. Pois aqui há a falsidade, a intriga, a maldade, a hipócrisia, a inveja... E falta um pouco mais de paz e tranquilidade. Faz falta as pessoas serem mais calmas e amigas umas das outras. Falta aqui um pouco mais de humildade e simplicidade. As pessoas citadinas têm tendência para perder certos valores, os quais, diga-se de passagem, são importantes para a formação de uma pessoa, de uma nova geração também.
Claro que gosto da cidade. Sempre vivi aqui, tenho cá tudo. Amigos, familia... E também consigo encontrar paz e tranquilidade na minha vida citadina. Porém, às vezes, a cidade engole-nos de tal maneira que é difícil não entrar na maré stressante onde quase todos andam e não ser afectado por toda a negatividade que por aqui passeia.
Nesses momentos anseio pelo campo e quero fugir daqui, sem dizer nada a ninguém. Apenas fugir e encontrar o meu lugar de novo.

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Paixão

Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...

a vontade

Às vezes, vem a vontade a vontade de te ver sempre de estar contigo sempre de esquecer que tudo o resto existe e aí, venho embora, e procuro voltar a mim prefiro ter essa vontade aguentá-la,  diluí-la no tempo esticá-la,  fazendo-a durar, do que acabar com ela logo de uma só vez rapidamente, sem pensar e quase sem sentir então escrevo penso, pinto,  sonho,  grito, abraço essa vontade e trago-a comigo lá no fundo do peito como companhia E quando te volto a ver deixo-a sair para a sentir de novo e deixar que me invada e me faça feliz por te ver por te ter por estar contigo  e sentir novamente aquela vontade louca sem sentido de esquecer tudo o resto e sou só ali contigo eu e a vontade e todos os outros sentimentos e sensações e tudo e tudo. Para depois voltar a mim para que possa voltar para ti sem me esquecer de quem sou e de quem tu és independentes um do outro.

Dizer adeus no trabalho

Não nos preparam para isto. Nunca ninguém me falou disto e nunca pensei passar por isto desta forma. Mas a verdade é que nas profissões da área social, não é possível ignorar a parte relacional. Aliás, essa é a parte mais importante do nosso trabalho, as relações significativas que criámos com as pessoas, com os utentes ou clientes, como lhes quiserem chamar. São pessoas. Pessoas a quem nos ligamos, de quem gostamos e de quem sentimos saudades. Sim, nem todos os dias são cor-de-rosa e nem sempre saímos do trabalho com um sorrido no rosto. Mas isso não significa que não gostemos dessas pessoas. Só que ninguém nos prepara para o momento em que temos de sair. Principalmente, quando sair não é uma decisão nossa. É um murro no estômago, e levantam-se tantas questões: - o que lhes dizer, como lhes explicar? - quando lhes dizer? - como ajudar a conter as suas emoções, quando as nossas emoções também estão à flor da pele? - como deixar para trás anos de relação, de acompanhamento, ...