Avançar para o conteúdo principal

Curso de Verão 1 - Poder dizer, Dever dizer, Gostar de dizer


Começou por nos ser pedido que escrevêssemos num lado de uma folha o seguinte: poder dizer, dever dizer e gostar de dizer; do outro lado tínhamos de escrever quase sempre, quase nunca e com frequência e depois fazer a ligação com os dois lados, tipo correspondência. Apesar de ter feito a ligação de maneira diferente, afirmei que acreditava que geralmente as pessoas dizem aquilo que devem dizer, isto porque estamos rodeados de pessoas que gostam de nós e esperam determinadas coisas de nós e nós como gostamos delas queremos corresponder às suas expectativas e, portanto, acabamos por dizer exactamente o que querem ouvir. Se me incomoda esse facto, sim!
Então aquilo que dizemos e a forma como o dizemos é influenciado por pessoas, contextos, situações e conteúdos. Centrando-nos no último tópico podem ser emoções\sentimentos, juízos\opiniões e\ou factos. Para começar os portugueses têm dificuldade em exprimir sentimentos, pois foi assim que foram habituados desde sempre e é algo que vai passando de geração em geração. Até há pouco tempo, um homem que fosse realmente homem não chorava nunca, fosse em que circunstância fosse. Por outro lado, tendemos a confundir muitas vezes sentimentos com juízos e ao enunciarmos emoções estamos, na verdade, a enunciar opiniões. Também um erro importante que cometemos a maior parte das vezes é o facto de estarmos mais atentos a aspectos negativos do que positivos e, portanto, criticamos mais facilmente do que elogiamos. Hoje em dia ainda é difícil  ouvir um pai dizer a um filho que o ama ou vice-versa. Mas vemos muitos pais a exigir imenso dos filhos criticando, reparando os seus erros e esquecendo ou pelo menos não gratificando os seus triunfos e o mesmo para os filhos. É mais fácil, mas também é mais fácil apontar o dedo ao outro.
E, talvez seja um ponto adequado para introduzirmos a temática concreta da comunicação assertiva. Disse o professor António Fonseca que acredita que uma comunicação assertiva parte dos factos, segue para os juízos e termina na expressão de sentimentos. O grande ponto que diferencia a comunicação assertiva da comunicação agressiva é o facto da primeira começar pelo "eu" e a segunda começar com "tu". O facto de se começar uma frase com "Tu" passa uma sensação de ataque para o outro que o leva automaticamente a defender-se e reagir porque está a ser exposto. Enquanto que, começando a frase com o "Eu", somos nós próprios que nos estamos a expor e como não ataco o outro, ele estará mais disponível para o ouvir a informação que eu quero passar. Parece simples não é? Então, porque comunicamos tantas vezes de forma agressiva? Porque os outros nos obrigam a isso, pois também comunicam agressivamente e muitas vezes levam-nos ao limite; porque nós não sabemos gerir certas e determinadas situações; porque existe um acumular de situações (stress); porque não sabemos comunicar de outra forma (acontece com muitas pessoas); e por último, o nosso estado emocional. Porém, é bom lembrar a importância da comunicação nas relações interpessoais o pode ser visível no facto de cerca de 80% das rupturas nas relações se deve à comunicação ou falta dela.
Termina o professor dizendo que com frequência, então, dizemos aquilo que devemos dizer, porque não perturba e diz respeito àquilo que é socialmente aceite e esperado. Às vezes é adequado dizermos aquilo que podemos dizer, pois em determinados contextos\situações ou com determinadas pessoas estamos seguros de que realmente podemos dizer aquilo; não deveríamos ser tão convenientes e deveríamos forçar um pouco a dizer aquilo que gostamos de dizer e que naquele momento podemos, ou seja, não devemos ter tanto medo do impacto daquilo que vamos dizer, pois se nunca o dissermos não saberemos o que poderá mudar e até mudar, nomeadamente nas nossas relações pessoais. Raramente usamos o "eu", ou seja, raramente dizemos aquilo que gostaríamos de dizer,  precisamente por não sabermos o impacto que terá no outro e portanto ficamos em silêncio, adiamos ou utilizamos outros meios como a escrita (que eu também utilizo normalmente, devido à minha incapacidade de expressão, enfim...). Usamos estes métodos para contornar a dificuldade de dizer olhos nos olhos aquilo que gostaríamos de dizer a quem está à nossa frente. Por outro lado, dizer sempre aquilo que gostaríamos não seria razoável, pois seria como andar despido, estaríamos fragilizados e não teríamos as nossas defesas, nem intimidade.
Em suma, a ideia é de que devemos arriscar mais um pouco e não nos ficarmos apenas por aquilo que devemos dizer; por outro lado, tentar ser assertivo na nossa forma de comunicar com os outros: começando as frases com "Eu", partindo de factos - juízos - sentimentos.

Foi um curso muito interessante e que me ajudou muito, visto que sinto muitas vezes dificuldade em comunicar assertivamente e muitas vezes até em comunicar apenas, seja de que maneira for. Fica o desafio de tentar fazê-lo mais vezes e espero consegui-lo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Paixão

Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...

Melhor Amigo

É daquelas coisas em que nunca queremos pensar. E eu com a minha idade nunca pensei, perder um dos meus melhores amigos tão cedo. Foi um choque, amigo, foi um choque. Ligam-me e dizem "olha ele morreu" - O QUÊ?? Percebes? Não queria acreditar que de repente te tinhas ido embora para sempre, quando da última vez que estivemos juntos tu estavas bem, feliz e contente. Sei que não estávamos sempre juntos, mas sempre que estávamos éramos felizes. Eu ficava contente por te ver de novo e te poder abraçar e dar mimos e bem via como tu ficavas contente. Via-se o brilho nos teus olhos. Gostava que na altura em que tiveste de mudar de casa tivesses vindo para a minha. Tinha sido maravilhoso, não achas? Mas sei que estavas bem, por és capaz de te adaptar  a cada sitio e encontrar o teu lugar sendo sempre tu. Porém, aquela não era a tua família, nós sabemos bem isso. Meu amigo, ainda nem acredito que não te verei mais, não te tocarei, não serei mais feliz só por ver aquela felicidade no...

Nota: Be present / Be happy

Remember those moments when you felt so blessed to be alive, when you were so present that everything around you was beautiful, amazing, a gift. Remember moments with other people, when you felt so happy, remember travels when you felt so free, remember the nature, that you observed so many times, that makes you feel that you're in the right way, with all its beauty. Now, in this challenging moment, look around you and find all this beauty and bliss in things that are around you, right now. Open your eyes and your mind too, cause I'm sure you will find it. You´re strong and wonderful and the world around is getting better, more beautiful, more wonderful everyday.. so don't miss it... Be present in every moment and you will find beauty everywhere. Your right now moment is a blessing, so just that it's enough to make you open your eyes every second with a smile on your face and a feeling of gratitude inside. I don't believe in God but I believe in ...