Avançar para o conteúdo principal

Voluntariado

Já o disse e também já ouvi dizer e, realmente, acredito. Voluntariado é um forma de estar na vida, é um estilo de vida e, até agora é um estilo de vida que se ajusta a mim, serve-me, sinto-me bem com ele e não sei muito bem viver sem ele.
Infelizmente, não posso permanecer para sempre em todos os sítios, mas lembro-me deles e sinto-me sempre ligada a eles, não me esqueço. Das duas instituições onde estive guardo recordações únicas e relações que espero que se mantenham sempre. Conheci pessoas com vidas completamente diferentes da minha, com mais ou menos dificuldades, com mais ou menos alegrias, mas com muita magia. Guardo todos no meu coração e pretendo continuar em contacto.
O ano passado comecei a fazer outro tipo de voluntariado. Acho que a minha vida mudou muito, tenho uma perspectiva muito diferente do mundo, graças a esta menina e à sua família e a todos os envolvidos na criação do Vencer Autismo. Comecei a fazer voluntariado com uma menina autista, seguindo o método Son-Rise. Pouco sabia sobre o autismo e desconhecia por completo o método - mas fiquei logo maravilhada! Até porque aqui é reconhecida a possibilidade de cura do autismo, coisa que nenhum médico em Portugal faz, porque se torna mais fácil colocar um rótulo e não esperar mais nada destas crianças... Mas como estão enganados! O método Son-Rise é talvez a coisa mais simples e humana que se pode fazer, claro que envolve algumas técnicas específicas, mas tem como base ir ao encontro da criança, aceitá-la e mostrar-lhe como o mundo pode ser belo e divertido! E acreditem ou não, mesmo a nós, pessoas que não têm autismo, abre-nos os olhos, faz-nos estar na vida de forma diferente e não só o conhecimento do programa como a relação com esta menina, única e especial, me mudam a cada instante, me fazem crescer e me fazem encontrar a alegria nas coisas mais simples, como ver os seus lindos e grandes olhos a encontrarem os meus enquanto me conta algo sobre a escola ou o seu sorriso maravilhoso quando fazemos ataques de cócegas. Um dia, quase me dava vontade de chorar numa das nossas actividades: num jogo de perguntas uma delas foi "o que é a família para ti?" ao que ela me respondeu "para mim a família... a família é um amor!", tão simples e tão verdade.
Há oportunidades na vida que nos surgem quando menos esperamos. E foi isso que me aconteceu com a Vencer Autismo, acabei por encontrar um grupo de pessoas fantásticas, meus amigos, pessoas que achavam que tinham de nos agradecer a nós, voluntários, pela ajuda que nós estávamos a dar, quando afinal, acredito, que nós, voluntários, é que temos de agradecer por tudo o que nos fizeram crescer e aprender, por esta oportunidade fantástica de ser parte de algo novo, preciso e importante em Portugal. Porque é preciso derrubar muros, deixar os rótulos de lado, destruir preconceitos e ideias que estão já há muito tempo enraizadas na cabeças de tantos profissionais de saúde. É preciso sair da caixa, abrir os olhos. O método Son-Rise, não tem nenhuma contra-indicação, não utiliza medicamentos, apenas necessita de muito amor por estas pessoas super especiais, que tantas vezes são mal interpretadas. 






Comentários

Mensagens populares deste blogue

A introspeção é algo muito importante, que pode parecer bonito e relaxante, mas nem sempre o é. Não é nada fácil olharmos para nós e vermos as nossas falhas e vulnerabilidades. Mas, se não o fizermos, é bem mais difícil mudar e evoluir. E vamos continuar a bater com a cabeça contra a parede, sem perceber porque é que determinadas coisas continuam a acontecer. Eu ainda estou a trabalhar a nível do reconhecimento das vulnerabilidades, e uma delas é gritante e talvez comum a muitas pessoas: falta de confiança e/ou insegurança. Parece uma coisa banal, mas nem sempre é fácil admitir. Ou podemos até ser capazes de admitir para nós próprios, mas não para os outros. Para os outros, usamos sempre a capa de pessoa super confiante, invencível. Mas eu reconheço essa falha e sei que ela tem tido impacto em diferentes áreas da minha vida.  A insegurança fez com que muitas vezes não falasse mais com determinadas pessoas, não procurasse relacionar-me mais com elas, apesar de sentir uma ligaç

Love can be so much more, if you just let it be.

I knew almost nothing about her. But what she showed me was so much. I didn't know until then, how little I knew about love and about myself. She kissed me and the world change. It got bigger, and it turned into a big mess of infinite possibilities. It was amazingly scary and terrifically wonderful. How can someone we almost don't know, see us so well. She kissed me and I knew: love is free, as free as you want it to be. Love can be so much more, if you just let it be.

período cinzento, cinzentíssimo...

Não gosto de me sentir assim e não queria escrever sobre como me sinto, porque isso é admitir, de facto, que me sinto assim. E eu quero negá-lo a todo o custo. Mas não tenho como. Sinto-me completamente em baixo. Sinto mal em qualquer lado, sinto-me mal comigo, com o meu corpo, com tudo e acabo por fazer mal às pessoas que tenho a meu lado. É tão estranho.  Eu sei o que, supostamente, tenho de fazer para não me sentir assim, mas sinto-me tão fraca, como se não valesse a pena. Mais vale deixar-me ficar aqui sentada e não me chatear. Só que estar sentada sem fazer nada chateia-me! Um dia sentada a olhar para a televisão ou para o computador mata-me e não tenho conseguido fugir disso (pelo menos enquanto andar de muletas, por causa do pé torcido!)... Sinto que me sai tudo torto, canso-me das coisas com facilidade, quero explicar e não consigo. "Inês, o que é que se passa contigo?" e eu com um nó na garganta, a querer responder e não me sai nada, "Inês, por favor, fa