Não gosto de me sentir assim e não queria escrever sobre como me sinto, porque isso é admitir, de facto, que me sinto assim. E eu quero negá-lo a todo o custo. Mas não tenho como.
Sinto-me completamente em baixo. Sinto mal em qualquer lado, sinto-me mal comigo, com o meu corpo, com tudo e acabo por fazer mal às pessoas que tenho a meu lado. É tão estranho.
Eu sei o que, supostamente, tenho de fazer para não me sentir assim, mas sinto-me tão fraca, como se não valesse a pena. Mais vale deixar-me ficar aqui sentada e não me chatear. Só que estar sentada sem fazer nada chateia-me! Um dia sentada a olhar para a televisão ou para o computador mata-me e não tenho conseguido fugir disso (pelo menos enquanto andar de muletas, por causa do pé torcido!)...
Sinto que me sai tudo torto, canso-me das coisas com facilidade, quero explicar e não consigo. "Inês, o que é que se passa contigo?" e eu com um nó na garganta, a querer responder e não me sai nada, "Inês, por favor, fala comigo, o que se passa, o que tens?", e nada. Ou, por outro lado, qualquer coisa que saia desta boca não explica metade do que eu sinto e nem essa metade as pessoas conseguem perceber.
Não sei pedir ajuda, nem falar com as pessoas. Como ter coragem para falar, explicar? Como gritar para que me possam ajudar? Como gritar sem deixá-las preocupadas? Prefiro calar, tenho vergonha, medo de não me compreenderam e medo de causar mais preocupações.
Sei que estou em guerra comigo e isso deita-me abaixo completamente. Sei que esta guerra já dura há algum tempo e eu não quis ver, escondi-a, tinha vergonha, não queria aceitar que eu estivesse a sentir-me assim. Não quero aceitar. Tanto não quero que, enquanto escrevo, não digo ao certo o que se passa, porque não quero admiti-lo, não quero que isto se passe comigo. Tenho medo. Não quero ter problemas, quero testar em paz comigo, quero o meu equilíbrio de volta.
Mas porque o perdi, se estava tão bem?
Porquê?
Não entendo e sei que sozinha não vou conseguir sair deste ciclo vicioso. Tenho vergonha e quero ultrapassar isto. E tenho de acreditar em mim, porque eu vou conseguir, mais cedo ou mais tarde. Tenho de conseguir!
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