No outro dia pregaste-me um susto, apareceste-me num sonho e deixaste-me sem reacção.
Ia eu a atravessar a rua, num sitio em que não é suposto fazê-lo e aparece-me um carro em contra mão. Na altura nem pensei nisso e ia simplesmente fazer um gesto a pedir desculpa ao condutor. Mas quando vi a condutora gelei. Eras tu. Eras tu, a minha avó Fernanda a conduzir aquele carro. E não eras tu nos teus últimos anos, eras tu mais jovem bonita e estavas a sorrir como se nada fosse. E eu olhei para ti, fiquei sem forças e cai no meio da rua. Era como se nem sentisse o meu corpo. E tu disseste "Anda comigo" - que saudades da tua voz!
Acordei em seguida, da mesma forma como estava no sonho, fraca, sem forças, sem reacção. E pensei o dia todo em ti.
Eras o pilar desse lado da família - é como diz o meu professor "há mortes que marcam uma família, quando a pessoa era o centro que conseguia juntar todos os outros membros da família, quando essas pessoas eram o pilar e agora a família fica desestruturada". Foi um pouco isso que aconteceu connosco, ficamos todos meios à toa, sem saber para onde ir agora.
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