Avançar para o conteúdo principal

Daqueles dias.

Sou muito pensadora, sonhadora e, por vezes, melancólica. Hoje dei por mim a pensar de mais, a complicar tudo. A sentir falta de algo na minha vida que não sei bem o que é. É um daqueles momentos estranhos em que, quando dou por mim, estou a pensar em momentos que nunca vivi, pessoas que nunca conheci e sentimentos que não encontro hoje em dia. E dou por mim a ter saudades de tudo isso. A sentir-me sozinha sem estar sozinha.

Daqueles dias, em que dou por mim a não me arrepender de nada do que fiz anteriormente, mas a querer voltar atrás no tempo e falar com esta e aquela pessoa, a vê-las outra vez, a olhá-las nos olhos e a sentir o que sentia antes.

Daqueles dias em que, apesar de recentemente me sentir muito bem com a minha vida, me sentir confortável e gostar da ideia de estar solteira, sinto que falta algo, tenho saudades de amar, da cumplicidade que se partilha com um namorado/a, do calor na barriga dos primeiros beijos e carícias.

Daqueles dias em que me sinto estupidamente estranha, complicada. Daqueles dias em que me apetece escrever sobre tudo, principalmente sobre o que não tenho, não conheço e nem sei se existe.

Daqueles dias em que a melancolia é o prato principal e os gestos mais insignificantes e pequeninos de outras pessoas que significam muito, às vezes, doíem sem eu saber porquê e sem as pessoas quererem.

Daqueles dias em que doi por mim sozinha em casa, a escrever coisas sem sentido e a pensar "onde estão todos?" ou "o que faço eu aqui?". Daqueles dias em que, o dia parece infinito e, por momentos, só queria que a noite chegasse, para esquecer que hoje me senti assim.

Daqueles dias em que realmente sentes falta de uma ou outra pessoa que está longe e que sabes que te conhece e percebe melhor do que ninguém e que sem dúvida te ajudaria e lidar com estes sentimentos.

Daqueles dias em que, sabes perfeitamente que a vida te corre bem, que na verdade, tudo está bem, mas, por algum razão, não consegues deixar de pensar que algo te está a escapar.

Hoje é um desses dias para mim. Mas calma, já sou "grande e vacinada" como se diz por cá e já tive alguns dias como estes, já não me afetam tanto como dantes. Hoje é um desses dias e eu vou deixar que os meus pensamentos vagueiem por aí, sem me chatear com eles, vou deixar que se cansem e vou relaxar. Vou aproveitar esta tarde sozinha, numa casa vazia, para estar comigo, me encontrar e... porque não, aceitar-me tal e qual como sou: pensadora, sonhadora, melancólica, estranha e complicada (ou demasiado simples?), entre tantas outras coisas... ah, e livre. Sempre, sempre, livre.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Paixão

Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...

a vontade

Às vezes, vem a vontade a vontade de te ver sempre de estar contigo sempre de esquecer que tudo o resto existe e aí, venho embora, e procuro voltar a mim prefiro ter essa vontade aguentá-la,  diluí-la no tempo esticá-la,  fazendo-a durar, do que acabar com ela logo de uma só vez rapidamente, sem pensar e quase sem sentir então escrevo penso, pinto,  sonho,  grito, abraço essa vontade e trago-a comigo lá no fundo do peito como companhia E quando te volto a ver deixo-a sair para a sentir de novo e deixar que me invada e me faça feliz por te ver por te ter por estar contigo  e sentir novamente aquela vontade louca sem sentido de esquecer tudo o resto e sou só ali contigo eu e a vontade e todos os outros sentimentos e sensações e tudo e tudo. Para depois voltar a mim para que possa voltar para ti sem me esquecer de quem sou e de quem tu és independentes um do outro.

Dizer adeus no trabalho

Não nos preparam para isto. Nunca ninguém me falou disto e nunca pensei passar por isto desta forma. Mas a verdade é que nas profissões da área social, não é possível ignorar a parte relacional. Aliás, essa é a parte mais importante do nosso trabalho, as relações significativas que criámos com as pessoas, com os utentes ou clientes, como lhes quiserem chamar. São pessoas. Pessoas a quem nos ligamos, de quem gostamos e de quem sentimos saudades. Sim, nem todos os dias são cor-de-rosa e nem sempre saímos do trabalho com um sorrido no rosto. Mas isso não significa que não gostemos dessas pessoas. Só que ninguém nos prepara para o momento em que temos de sair. Principalmente, quando sair não é uma decisão nossa. É um murro no estômago, e levantam-se tantas questões: - o que lhes dizer, como lhes explicar? - quando lhes dizer? - como ajudar a conter as suas emoções, quando as nossas emoções também estão à flor da pele? - como deixar para trás anos de relação, de acompanhamento, ...