A minha vida dava um filme. Ou se calhar não dava, mas às vezes, gosto de imaginar que é como se fosse. E eu sou uma daquelas personagens estranhas do filme, que quase que passam despercebidas e andam sempre meias perdidas. Uma personagem de espírito melancólico e livre. Uma personagem que está sempre longe e que não sabemos definir, porque ela também não se consegue definir. Ela é meio mistério, e o mundo também é para ela um grande mistério. Não se encontra em lado nenhum e tem dificuldade em entender muito do que se passa à sua volta, porque é que as pessoas tendem a interpretar as coisas com tanta maldade, porque é que se complica tudo, porque é que não aproveitamos o momento a cada momentos ou porque é que nos limitamos tanto. Tem dificuldade em entender o mundo e também dificuldade em entender-se a si própria. Ela não sabe porque é que tantas vezes se sente triste e apática, porque é que por vezes se alimenta da melancolia e da beleza que vê nesse sentimento.
Ela não se conhece, não se percebe e, no entanto, gostava tanto que alguém a compreendesse. Acho que é o principal significado dessa personagem: a infinita procura do eu. Ela personifica as questões "Quem sou eu?", "O que faço aqui?", "Que significado tem a vida, esta vida, a minha vida?". O papel dela é fazer-nos refletir.
Ela é uma personagem que está fora de tudo, não se insere em lado nenhum, vagueia no vazio.
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