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Deixei o chão e abracei o ar

Deixei o chão e abracei o ar. Despi-me do peso das roupas, dos pensamentos e dos sofrimentos. Cai no meio do turbilhão e da ilusão. Pensei que seria um abismo tudo isto, mas afinal é só uma mudança. Sou um ser mais leve, à medida que me deixo ir. É outra espécie de luz. Não morro, mas renasço, ainda nesta vida, com tempo de voar para outro lado. Libertei as ideias, elas agora andam por aí soltas, ao vento. Nunca couberam todas na minha cabeça, era urgente permitir que se fossem. Pertencem-me, mas não preciso que fiquem em mim. Tal como amor. Pertence-me, mas não fica em mim. Porque não pode, porque não deixo. Porque não nasceu para ficar preso, nasceu para ser dado, oferecido, para ser um malandro que vai com todos e com todas. O amor é um rodado, diriam alguns, mas eu gosto dele assim. Sem preconceitos, sem limites. Dá-se com todos, oferece-se a todos, não tem inibições. E eu um dia gostava de ser como ele. Um dia eu também quero ser amor, tornar-me na forma mais personificada que ele pode assumir. E só amar, ser só amor para dar, para crescer, para criar, cultivar e cuidar. Ser só amor. Ser só dar. Ser só, sentir só. Um dia eu quero ser amor e acredito que é o sonho mais realista que pode existir.

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