É um alívio enorme quando te apercebes e aceitas a tua inadequação. Hoje percebi que todo o mal que tenho sentido em mim, veio da minha tentativa de encaixar, de achar que eu tinha que caber naquela forma, de achar que o sentir-me mal ou desadequada era da minha cabeça, que só tinha que tentar um pouco mais, forçar um pouco mais, trabalhar um pouco mais. E hoje, ao falar simplesmente, a resposta saiu-me dos lábios como se fosse a frase mais comum e natural que eu poderia dizer: "Hoje eu sei que ando sempre em altos e baixos, porque a realidade em que vivo e que vou criando à minha volta não me diz nada, não faz sentido, não me satisfaz". E é ao aperceber-me disso que ganho força e encontro maneiras de tornar a minha realizada mais adequada a quem eu sou e não aos outros. Só percebendo isso é que posso começar a moldar o meu pequeno mundo, a encontrar aquilo que realmente quero ser e fazer com a vida que me foi dada, ao invés de andar a passar pelo mundo como se ele não fosse feito para eu o viver. Tudo o que tenho é o meu mundo, a minha pessoa, a minha mente, as minhas ideias. Tudo isso é meu e é tanto. Só tenho de pegar em tudo isso e deixar de querer que eles se enquadram numa estrutura que não é minha e que, portanto, não me satisfaz. E quando eu me adequar a mim, entender quem sou e finalmente deixar esse ser fluir, existir e crescer sem limites, eu sei, eu sei, tenho tanto para dar ao mundo. Quando me finalmente deixar ser quem sou.
Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...
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