E foste de novo. Mais uma aventura. Deixaste o mundo e as pessoas para trás. A tua força faz com que nem tenhas de pensar duas vezes. A razão só te assalta mais tarde, ao mesmo tempo que solidão. Estás só de novo. Num novo lugar. Com novas pessoas. Nada te é conhecido. Tudo fora da tua zona de controlo. Como fazes agora? Quem te consola nas noites vazias? Sim, quem te ajuda nas horas longas que sempre te custaram a passar? Ninguém. Não te enganes. Ninguém. A vida dos outros também continua, sabes? Tu é que mudaste e deixaste todos. Mas eles continuam a ter-se uns aos outros, continuam a conhecer os seus caminhos, as suas pessoas. Eles conseguem distrair-se e continuar a sua felicidade. Tu hás-de conseguir também, acredito em ti. Mas por agora, parece que passas por ela, perdida na imensidão deste novo sítio. E eu sei, às vezes, só querias gritar por alguém? Mas por quem? Estão todos longe. Quem te vai ouvir? Quem pode fazer alguma coisa? Quem quer de facto fazê-lo? A tua mente trai-te os pensamentos e consome-te. Pega num cigarro, numa cerveja, senta-te à janela e escreve. A vida pode não mudar, mas com a escrita, fica mais leve.
Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...
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