Apaixonei-me. Foi isso. Demorei imenso tempo para perceber porque é que algo me afetava tanto, até perceber, que era paixão. Do género de paixão que acontece quando temos 14 anos, quando achamos que aquela pessoa é a tal e seremos felizes para sempre. Algo do género. Acho que foi isso que aconteceu com ela. Apaixonei-me, sem nenhum aviso prévio, simplesmente aconteceu. Talvez não quisesse que ficássemos juntas para sempre, numa relação. Acho que queria saber que eu seria para sempre única para ela, tal como ela será para mim, queria saber que a ligação seria sempre a mesma e estaria sempre lá. E não sei. E não saber mata-me. Porque cada vez que ouço o nome dela, o meu corpo treme e a minha mente tenta manter-se sem reação. Todo o meu corpo fica em estado alerta, a gritar silenciosamente "Calma! Calma! Está tudo bem! Não reagir! Não reagir!". Cada vez que a vejo, fico contente e apetece-me voltar ao início de tudo, ao momento em que a conheci. E ao momento em que nos beijámos. E quero voltar a fazê-lo. E depois dói. Toda a neutralidade que sempre a definiu. O ar de "não se passa nada" na cara, de "tanto faz".E todos os outros parecerem mais e melhores, e todos os outros conseguirem falar com ela e eu apenas conseguir arrancar um "olá, tudo bem?" e a conversa banal do tempo e sobre como vão as aulas ou o trabalho. Tudo o que eu arranco dela ou é banal ou é fogo. E o que dói é não saber se o que ela mostra é real ou é só aparência. Se é igual ao que eu sinto ou não. E não saber que resposta quero ouvir, se é que quero ouvir alguma. Se calhar não, se calhar queria só um beijo e um abraço. Ou um olhar de carinho do outro lado da sala que me deixasse saber que estamos juntas, que há algo que no une.
A introspeção é algo muito importante, que pode parecer bonito e relaxante, mas nem sempre o é. Não é nada fácil olharmos para nós e vermos as nossas falhas e vulnerabilidades. Mas, se não o fizermos, é bem mais difícil mudar e evoluir. E vamos continuar a bater com a cabeça contra a parede, sem perceber porque é que determinadas coisas continuam a acontecer. Eu ainda estou a trabalhar a nível do reconhecimento das vulnerabilidades, e uma delas é gritante e talvez comum a muitas pessoas: falta de confiança e/ou insegurança. Parece uma coisa banal, mas nem sempre é fácil admitir. Ou podemos até ser capazes de admitir para nós próprios, mas não para os outros. Para os outros, usamos sempre a capa de pessoa super confiante, invencível. Mas eu reconheço essa falha e sei que ela tem tido impacto em diferentes áreas da minha vida. A insegurança fez com que muitas vezes não falasse mais com determinadas pessoas, não procurasse relacionar-me mais com elas, apesar de sentir uma ligaç
Comentários