Ela tinha 6 anos. Disseram-lhe que a sua companheira, uma meiga cadela, tinha de ir para uma quinta, longe. Ela nunca soube muito bem a razão para tal acontecer, afinal a cadela já vivia com eles há algum tempo, afinal o que mudara? Custou, mas foi. Ela ficou triste, mas ingenuamente, pensou que a Mimi, talvez fosse mesmo mais feliz nessa quinta fantástica, mas distante. Para a consolar, o pai prometeu que a levaria a visitar a Mimi. Mais tarde, provavelmente por saber o quão difícil seria cumprir essa promessa, prometeu algo diferente e disse que um dia a levaria a ver a neve. Ela ficou entusiasmada e, volta e meia, lembrava-se da promessa do pai e sorria enquanto aguardava por esse dia.
Vinte anos se passaram. Ela nunca foi visitar a Mimi.E nunca foi à neve com o pai. Aliás, o primeiro dia em que esteve na neve, andou na neve e brincou na neve foi hoje, cerca de 20 anos depois. E sem o pai. Tantas vezes sorriram e riram do facto de ela nunca ter ido à neve e ela lembrava-se sempre da promessa por cumprir do pai.
As promessas que fazemos às crianças podem fazer inofensivas. Mas as promessas são feitas para se cumprir, não apenas para serem ditas. Ela nunca esqueceu. E quando viu e sentiu a neve, foi a primeira coisa de que se lembrou.
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