Avançar para o conteúdo principal
Dizem que em vez de desistir, temos de aprender a parar e descansar. Eu acho que também é importante aprendermos a distinguir: distinguir o que vale a pena.
Há situações em que parar e descansar não é o suficiente, na verdade, não muda nada. Só faz com que permaneça tudo igual, durante mais tempo. Só acalmamos a nossa mente, mas o contexto está igual. E não era a mente que queríamos mudar. Não era na mente que estava a questão. Era fora, e parar e descansar, não permitiu mudança.
Há situações em que vale a pena. Afastamo-nos da situação, vemos de fora, ganhamos perspetiva e conseguimos ver o panorama geral do que se passa. Conseguimos compreender, agora, depois de pararmos e descansarmos, o que antes nos parecia incompreensível. A nossa mente mudou, avançou e isso fez com que o mundo à nossa volta ganhasse novos contornos, novas cores. Parar, fez sentido.
Acredito que é importante sermos capazes de ver a situação de fora, colocarmo-nos no papel do outro, de outros. Praticarmos a tal empatia de que tanto se fala. E falamos disso como se fosse algo fácil, mas quando estamos na situação queremos sempre ter razão, estar certos, sair por cima, mostrar que não somos nós que temos de mudar. E quantas vezes, somos nós, ou também nós, que temos de o fazer?
Então, acho que mais importante do que parar, descansar e/ou desistir é sermos capazes de olhar para fora, reconhecer o outro, com a mesma regularidade que olhamos para dentro.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Paixão

Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...

a vontade

Às vezes, vem a vontade a vontade de te ver sempre de estar contigo sempre de esquecer que tudo o resto existe e aí, venho embora, e procuro voltar a mim prefiro ter essa vontade aguentá-la,  diluí-la no tempo esticá-la,  fazendo-a durar, do que acabar com ela logo de uma só vez rapidamente, sem pensar e quase sem sentir então escrevo penso, pinto,  sonho,  grito, abraço essa vontade e trago-a comigo lá no fundo do peito como companhia E quando te volto a ver deixo-a sair para a sentir de novo e deixar que me invada e me faça feliz por te ver por te ter por estar contigo  e sentir novamente aquela vontade louca sem sentido de esquecer tudo o resto e sou só ali contigo eu e a vontade e todos os outros sentimentos e sensações e tudo e tudo. Para depois voltar a mim para que possa voltar para ti sem me esquecer de quem sou e de quem tu és independentes um do outro.

Dizer adeus no trabalho

Não nos preparam para isto. Nunca ninguém me falou disto e nunca pensei passar por isto desta forma. Mas a verdade é que nas profissões da área social, não é possível ignorar a parte relacional. Aliás, essa é a parte mais importante do nosso trabalho, as relações significativas que criámos com as pessoas, com os utentes ou clientes, como lhes quiserem chamar. São pessoas. Pessoas a quem nos ligamos, de quem gostamos e de quem sentimos saudades. Sim, nem todos os dias são cor-de-rosa e nem sempre saímos do trabalho com um sorrido no rosto. Mas isso não significa que não gostemos dessas pessoas. Só que ninguém nos prepara para o momento em que temos de sair. Principalmente, quando sair não é uma decisão nossa. É um murro no estômago, e levantam-se tantas questões: - o que lhes dizer, como lhes explicar? - quando lhes dizer? - como ajudar a conter as suas emoções, quando as nossas emoções também estão à flor da pele? - como deixar para trás anos de relação, de acompanhamento, ...