Avançar para o conteúdo principal

comecei a divagar...

Há coisas que nunca nos explicam. Crescemos sem saber coisas tão importantes. Um dia hei-de perceber porque fazem tabu de coisas tão importantes na nossa vida. Dizem que o amor é importante, mas depois têm medo de falar sobre o bicho que é "fazer amor". Eventualmente, tentam até proibir esse ato tão pecaminoso. Não é afinal aquilo que deveríamos fazer todos os dias? Fazer, ser, dar?

Ninguém ensina que fazer amor pode acontecer com alguém do mesmo sexo.
Ninguém ensina que fazer amor com várias pessoas.
Ninguém ensina que fazer amor é uma coisa boa, sempre.
Ninguém ensina que fazer amor é uma partilha.
Ninguém ensina que fazer amor é ser, estar e sentir no momento.
Ninguém ensina que fazer amor pode acontecer num caso de uma noite.
Ninguém nos ensina que podemos amar imenso uma pessoa e não conseguir fazer amor com ela.
Ninguém nos ensina que há uma diversidade imensa de fazer amor e nenhuma delas é mais certa do que a outra.
Ninguém nos ensina que não é por fazemos amor com uma pessoa que somos donos dela.
Ninguém nos ensina que nós podemos escolher livremente com quem queremos fazer amor.
Ninguém nos ensina que com um amante também podemos fazer amor.
Na verdade ninguém nos ensina o significado da palavra amante - só o julgamento que essa palavra possui.

Ninguém ensina o mais importante.
Fazer amor é uma parte importante da nossa vida, interpretem isso como quiserem. E se é uma parte importante da nossa vida, deveria ser cuidada, ensinada, desenvolvida.

Ensinam-nos a esperar pela pessoa certa. Quando souberem o que isso quer dizer avisem-me; já devo ter conhecido muitas pessoas certas, ao longo da minha vida.
Ensinam-nos a fazê-lo sempre com a mesma pessoa, porque é o correto. Fazê-lo com várias pessoas não é digno de alguém sério, correto, educado. Nem sequer pensem em fazê-lo com várias pessoas, simultaneamente.
Ensinam-nos a esperar um resultado final específico, quando na verdade isso deve ser o que menos interessa. Há tanto prazer a retirar durante todo o momento, porquê querer avançar logo para o final?

Ensinam-nos tanta coisa ao contrário.
Depois queixam-se de uma geração que não se sabe relacionar. 
Como é que pode? Toda a informação que passa sobre relações vem coberta de julgamentos, fantasias, cenas irreais.
Porque não falar do amor sem todo o romântismo dos filmes das princesas e príncipes? O amor não existe noutras formas? O amor só é amor se for para sempre? O amor só é amor se for preso a uma única pessoa?

O amor está em tudo. Porque não falar disso abertamente?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Paixão

Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...

a vontade

Às vezes, vem a vontade a vontade de te ver sempre de estar contigo sempre de esquecer que tudo o resto existe e aí, venho embora, e procuro voltar a mim prefiro ter essa vontade aguentá-la,  diluí-la no tempo esticá-la,  fazendo-a durar, do que acabar com ela logo de uma só vez rapidamente, sem pensar e quase sem sentir então escrevo penso, pinto,  sonho,  grito, abraço essa vontade e trago-a comigo lá no fundo do peito como companhia E quando te volto a ver deixo-a sair para a sentir de novo e deixar que me invada e me faça feliz por te ver por te ter por estar contigo  e sentir novamente aquela vontade louca sem sentido de esquecer tudo o resto e sou só ali contigo eu e a vontade e todos os outros sentimentos e sensações e tudo e tudo. Para depois voltar a mim para que possa voltar para ti sem me esquecer de quem sou e de quem tu és independentes um do outro.

Dizer adeus no trabalho

Não nos preparam para isto. Nunca ninguém me falou disto e nunca pensei passar por isto desta forma. Mas a verdade é que nas profissões da área social, não é possível ignorar a parte relacional. Aliás, essa é a parte mais importante do nosso trabalho, as relações significativas que criámos com as pessoas, com os utentes ou clientes, como lhes quiserem chamar. São pessoas. Pessoas a quem nos ligamos, de quem gostamos e de quem sentimos saudades. Sim, nem todos os dias são cor-de-rosa e nem sempre saímos do trabalho com um sorrido no rosto. Mas isso não significa que não gostemos dessas pessoas. Só que ninguém nos prepara para o momento em que temos de sair. Principalmente, quando sair não é uma decisão nossa. É um murro no estômago, e levantam-se tantas questões: - o que lhes dizer, como lhes explicar? - quando lhes dizer? - como ajudar a conter as suas emoções, quando as nossas emoções também estão à flor da pele? - como deixar para trás anos de relação, de acompanhamento, ...