Vagueio por aí, sei lá onde vou. Podem perguntar ao meu cérebro, também não deve saber. Só quero andar, procurar não-sei-o-quê. Quero estar sozinha no meio de pessoas, no meio da cidade. Faz-me sentir viva. Faz-me sentir próxima, mas sem ter que me dar. Por isso, passeio-me tantas vezes, sem destino, vou com a máquina na mão, procuro estar em contacto com o que sinto, com as minhas emoções, atenta ao presente: no meu corpo e à volta dele. Reparo nos pormenores. Percebo que, por vezes, olho para um sítio e apetece-me chorar. Emociona-me. Se calhar recorda-me de outros tempos, se calhar faz-me imaginar outras vidas. E choro. Percebo que, por vezes, a vista da cidade é a minha melhor companhia, relaxa-me, enche-me de tranquilidade. Nem preciso de pôr música no telemóvel, ela toca diretamente na minha mente, em sintonia com o que vejo, com o que penso e sinto, no momento.
Vagueio por aí, entre a solidão e as pessoas.
Entre um cansaço de mim e uma vontade incessante de me conhecer melhor.
Vou atrás deste momento, quero agarrá-lo e eternizá-lo, ficar assim para sempre, parar o mundo, vida. Sentir tudo isto sempre e ser capaz de o expressar aos outros, explicar o que é, perceber se o sentem também ou se sou só eu com a minha mania enraizada de que sinto tudo muito, demasiado, sempre intensamente, até na minha calma.
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