Avançar para o conteúdo principal

Pensamentos perdidos num café enquanto bebo um fino.

Olho à minha volta e questiono-me, tantas vezes. 
O que é que eu ando aqui a fazer? 
O que andamos todos aqui a fazer? 
Preocupamo-nos com merdices, pequeninas e continuamos com as nossas vidas tristes. Rotina e mais rotina, para ali e para aqui.
Vai para o trabalho,
Vai para casa,
conta o dinheiro
vai às compras
come alguma coisa
bebe um fino
fuma um cigarro
e mais qualquer coisa
dorme
sonha
esquece o mundo
sê feliz
sê o que quiseres
acorda
repete.
e repete tudo de novo.
Para quê? Porquê?
Caio na rotina, assim sem me aperceber. E do nada, a vida torna-se uma sucessão de momentos aborrecidos, sem emoção nenhuma que lhe valha, que lhes dê significado. São só momentos emq ue consigo dizer que estou viva, porque estou ali a vivê-los, estou ali a passar o tempo... Mas estou a senti-los? É mesmo aí que quero estar? Se me fosse dada toda a liberdade do mundo, sem qualquer julgamento ou obstáculo, era aí que eu estava? Ou estaria eu do outro lado mundo, a fazer algo tão completamente diferente que neste momento nem consigo explicar?
O que queremos realmente fazer?
O que nos faz realmente feliz?
E o que é nos prende... Como é que nos colocamos tantos obstáculos e deixamos que a vida, a rotina, o dia-a-dia, nos detenha de fazermos aquilo que em criança dissemos que queriamos fazer quando fôssemos grandes. E continuamos sempre crianças à espera do momento em que nos tornaremos adultos o suficientes para fazermos aquilo que queríamos fazer, sem percebermos que nos afastamos cada vez mais desse momento.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Paixão

Sei que a maioria das pessoas diz que a paixão é temporária, o que importa mesmo é que exista o amor verdadeiro e companheiro. Mas, desculpem-me, eu cada vez concordo menos com isto. Cada vez acredito mais que a paixão é realmente importante e completa o sentimento de amor. A paixão é todo o desejo, impulso, fogo que sentimos pelo outro; o amor é mais calmo, mais estável até, por isso é que muitas vezes amamos, só que a paixão não está lá, o que faz com que algo não esteja bem, sentimos que falta algo, sem saber bem o quê. É preciso que se cultive a paixão, que se vá alimentando a fogueira, porque esta paixão foi muitas vezes aquilo que nos fez dar o primeiro passo, atirar de cabeça. Esta paixão foi aquele desejo súbito de estar com o outro, de nos entregarmos, mesmo que sem segurança nenhuma, sem nada que nos dissesse "é para valer" ou "vai dar tudo certo". Esta paixão é a vontade pura e primeira do outro, da sua pessoa e do seu corpo. Acredito que é, frequentem...

a vontade

Às vezes, vem a vontade a vontade de te ver sempre de estar contigo sempre de esquecer que tudo o resto existe e aí, venho embora, e procuro voltar a mim prefiro ter essa vontade aguentá-la,  diluí-la no tempo esticá-la,  fazendo-a durar, do que acabar com ela logo de uma só vez rapidamente, sem pensar e quase sem sentir então escrevo penso, pinto,  sonho,  grito, abraço essa vontade e trago-a comigo lá no fundo do peito como companhia E quando te volto a ver deixo-a sair para a sentir de novo e deixar que me invada e me faça feliz por te ver por te ter por estar contigo  e sentir novamente aquela vontade louca sem sentido de esquecer tudo o resto e sou só ali contigo eu e a vontade e todos os outros sentimentos e sensações e tudo e tudo. Para depois voltar a mim para que possa voltar para ti sem me esquecer de quem sou e de quem tu és independentes um do outro.

Dizer adeus no trabalho

Não nos preparam para isto. Nunca ninguém me falou disto e nunca pensei passar por isto desta forma. Mas a verdade é que nas profissões da área social, não é possível ignorar a parte relacional. Aliás, essa é a parte mais importante do nosso trabalho, as relações significativas que criámos com as pessoas, com os utentes ou clientes, como lhes quiserem chamar. São pessoas. Pessoas a quem nos ligamos, de quem gostamos e de quem sentimos saudades. Sim, nem todos os dias são cor-de-rosa e nem sempre saímos do trabalho com um sorrido no rosto. Mas isso não significa que não gostemos dessas pessoas. Só que ninguém nos prepara para o momento em que temos de sair. Principalmente, quando sair não é uma decisão nossa. É um murro no estômago, e levantam-se tantas questões: - o que lhes dizer, como lhes explicar? - quando lhes dizer? - como ajudar a conter as suas emoções, quando as nossas emoções também estão à flor da pele? - como deixar para trás anos de relação, de acompanhamento, ...