Olho à minha volta e questiono-me, tantas vezes.
O que é que eu ando aqui a fazer?
O que andamos todos aqui a fazer?
Preocupamo-nos com merdices, pequeninas e continuamos com as nossas vidas tristes. Rotina e mais rotina, para ali e para aqui.
Vai para o trabalho,
Vai para casa,
conta o dinheiro
vai às compras
come alguma coisa
bebe um fino
fuma um cigarro
e mais qualquer coisa
dorme
sonha
esquece o mundo
sê feliz
sê o que quiseres
acorda
repete.
e repete tudo de novo.
Para quê? Porquê?
Caio na rotina, assim sem me aperceber. E do nada, a vida torna-se uma sucessão de momentos aborrecidos, sem emoção nenhuma que lhe valha, que lhes dê significado. São só momentos emq ue consigo dizer que estou viva, porque estou ali a vivê-los, estou ali a passar o tempo... Mas estou a senti-los? É mesmo aí que quero estar? Se me fosse dada toda a liberdade do mundo, sem qualquer julgamento ou obstáculo, era aí que eu estava? Ou estaria eu do outro lado mundo, a fazer algo tão completamente diferente que neste momento nem consigo explicar?
O que queremos realmente fazer?
O que nos faz realmente feliz?
E o que é nos prende... Como é que nos colocamos tantos obstáculos e deixamos que a vida, a rotina, o dia-a-dia, nos detenha de fazermos aquilo que em criança dissemos que queriamos fazer quando fôssemos grandes. E continuamos sempre crianças à espera do momento em que nos tornaremos adultos o suficientes para fazermos aquilo que queríamos fazer, sem percebermos que nos afastamos cada vez mais desse momento.
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